A CHEGADA NO BRASIL
Chegado no Rio de Janeiro, permaneceram na hospedaria do governo, para identificação e registro de imigrante.
Como imigrantes que queriam trabalhar nos cafezais de São Paulo, substituindo a mão de obra escrava. Pretendiam ser proprietários de suas terras e nela trabalhar livremente. Então, retomaram a viagem, embarcando no navio “Aymoré”, em direção ao sul do Brasil, pois, já sabiam da existência desta colônia italiana que aqui já havia se instalado, e que provavelmente lá estavam os parentes e amigos que haviam chegado antes. Seria a Quarta Colônia de Silveira Martins, na região central do Rio Grande do Sul. Não temos data da chegada à colônia. Mas, provavelmente entraram pelo porto de Rio Grande e numa embarcação menor, subiram pela Lagoa dos Patos, até Porto Alegre. De lá em embarcações menores ainda, navegaram pelas águas do Rio Jacuí, até a altura do município de Rio Pardo, numa localidade que talvez seja Porto do Macaco. O seguimento do percurso, como todas as levas de imigrantes anteriores, de ora em diante, foi por terra, através de carretas alugadas, puxadas por várias juntas de bois, onde carregavam os mantimentos, e muito provavelmente as mulheres e as crianças. Pousaram no relento, enfrentaram a fome, as chuvas, os atoleiros e os animais ferozes, que na época havia muitos pelas matas.
PARA O VALE DOS SONHOS
Enfim, chegam ao seu destino. A localidade de Vale dos Bortoluzzi, mais tarde denominada de Vale Vêneto. A localidade foi batizada com este nome para homenagear a região do Vêneto, origem dos imigrantes que ali se instalaram. Então, a velha matriarca com seus filhos se hospedaram num casarão. De ora em diante, começaram a organizar a vida da família, cujo objetivo principal era conquistar uma área de terra, como proprietários, para iniciarem uma nova vida. A vida provavelmente de deus sonhos. Pois, deixar tudo para trás, num lugar bem distante como o norte italiano, realmente é uma decisão muita bem pensada e planejada. A saudade deveria ficar para trás, para não interferir nos objetivos da família. O que interessava a partir daquele momento era a conquista de um mundo novo, de uma vida melhor, na terra prometida, pois, eram férteis e embora com certa precariedade com sementes e utensílios, com uma boa dose de perseverança, se produzia bem.
Maria Gottardo Rorato, instalou-se então em Vale Vêneto, ficando próxima de seus filhos, que eram Filomena, Francesco, e Isaco. Filomena foi com sua família para São Rafael. Francesco permaneceu em Vale Vêneto e Isaco se estabeleceu em São João do Polêsine. Giovanni Batista, o filho mais velho, desembarcou no Brasil no ano seguinte, no dia três de janeiro de 1988, e se instalou em São Rafael. Giovanni chegou na colônia, juntamente com mais oito famílias de imigrantes, com 60 membros de várias regiões italianas.
A matriarca faleceu há apenas dois anos após sua chegada, no dia 17 de outubro de 1889, com 70 anos de idade, e foi sepultada no primeiro cemitério de Vale Vêneto. Acredita-se que possa ter morrido provavelmente por aborrecimento e depressão, em função de sua idade e também pelas dificuldades da viagem e do sofrimento neste período de sua adaptação no novo mundo. Mas, seus briosos e guerreiros filhos, continuaram a saga desta senhora que foi exemplo de muita coragem e tenacidade no enfrentamento do grande desafio a que se propôs quando deixou a Itália. A esta mulher de fibra, devemos hoje a nossa existência e sigamos seu exemplo.
MARIA GUTTARDO RORATO – A matriarca dos Rorato no Sul do Brasil.
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